sábado, 23 de julho de 2011

PÓS-MODERNIDADE E NOSTALGIA: UM PANORAMA SOBRE A OBRA DE MARCOS SMITH
André Leite Ferreira e Fernando Campos*

Marcos Smith é um exímio boêmio, assíduo freqüentador do meio cultural alternativo da cidade, leia-se, galerias e bares de Belém. Multi-artista extremamente agitado e inquieto, preocupado com as políticas públicas destinadas a cultura e a arte. Músico, artista visual, agitador cultural e fanzineiro, publica entre tantos fanzines: A plebe, uma espécie de jornal-zine distribuído de mão-em-mão que fala de arte e política de forma sarcástica, repleto de humor negro e ironia.
A Exposição, Nostalgia da Pós-Modernidade, série de pinturas que fazem um diálogo com a filosofia pós-moderna da segunda metade do século XX, que, além disso, faz significativas referências a filosofia alemã do final do século XIX, principalmente a filosofia de Nietzsche e Arthur schopenhauer. Estes diálogos e referências podem ser percebidos nas pinceladas nervosas do artista, tendendo para a temática da morte e da confusão existencial e psicológica.
As pinturas de Marcos Smith partem de suas vivências e experiências com o mundo, a cidade, a noite, os romances, o delírio, o êxtase, o caos, as orgias, poéticas urbanas de um delírio pessoal e multicolorido. Filosofia, sexo, psicologia, existencialismo e decadência. Estes são temas recorrentes nos trabalhos do artista que acaba aparecendo nas obras personificado, auto-retratado, não de forma explicita, mas inteligentemente incógnita, porém traduzindo-se para o ponto de vista do público de maneira inteligível, se fazendo enxergar, ser reconhecido e interpretado não cabendo, neste caso, o conceito de auto-retrato convencional, o que veio a torna-se de um modo geral, a sua marca artística, como para submeter a uma comparação livre, basta lembrar Alfred Hitchcock e suas aparições na seqüência inicial de seus filmes.
Marcos Smith pratica uma pintura nervosa e volumosamente onírica, que por momentos fazem lembrar as pinturas impressionistas de Van Gogh, às vezes líricas e insanas, numa perspectiva particularmente poética. Transcendendo os limites radicais entre dadaísmo e surrealismo com cores chapantes, pesadas,  figuras estranhas e hibridas e uma poética da fragmentação que dialoga com o caos cultural do pós-modernismo.
A Exposição Nostalgia da Pós-Modernidade traz à tona um artista que atravessou pelo menos duas décadas do cenário cultural alternativo da cidade de Belém. Do Punk ao Dark, passando pela desordem sombria da cidade das mangueiras, Marcos Smith continua produzindo de forma intensa e criativa, porém, permanecendo incógnito como as figuras auto-retratadas em seus quadros, em decorrência da falta de público preparado para a apreensão de eventos que necessitam de ampla referência cultural.
A Exposição Nostalgia da Pós-Modernidade, montada no Espaço Cultural Corredor da Amazônia, é uma oportunidade para se conferir um pouco da produção de arte contemporânea local, pois o contato com a arte é presencial e nunca se restringindo a meios virtuais que distanciam e artificializam as relações de experiência com a obra de arte e principalmente com o artista. 


*Idealizadores do PINDORAMA CINE-EDUCAÇÃO do IFPA.
André Leite também participa do Coletivo Multi-linguagens Corredor da Amazônia

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